terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Efeito avassalador

Não é só a fama;
Liberdade e poder
também sobem à cabeça
e arrasam-na!

Mariana Bizinotto – 15/12/2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Sublimação

Quando seu perfume me envolve
sinto-me a mulher mais protegida do mundo.
Quando seus olhos procuram minha alma
já me perdi em seu sorriso.
Em frente à janela a gozar as cores
do fim de tarde que rapidamente
torna-se início da noite.
Uma noite a ser lembrada por todos os tempos.

Mariana Bizinotto – 14/12/2009

domingo, 29 de novembro de 2009

Não falemos de tempo

Acostumada a discutir sobre o tempo
com uma pessoa e
partilhantes da mesma pressa
que tanto afetada os pensamentos,
deparei-me com uma necessidade
de outro assunto.
Eis que em determinado momento
escrevi-lhe, após os cumprimentos:
“Não falemos de tempo dessa vez...
apesar de datas remeterem a tal.
Falemos então de uma data especial.
Feliz aniversário!!!!
Tudo de especial pra ti,
muita saúde, paz, tempo, alegrias e sucesso.
Claro, se for possível conciliar tudo,
o que talvez seja
o grande dilema da humanidade.”

Mariana Bizinotto – 29/11/2009

Dias especiais

Certo dia acordei
e era aniversário de um amigo
um simples dia para tantos
e para ele o dia
que ocorre apenas uma vez
ao ano, por isso o caráter de especial.
Se pensarmos bem
todo dia ocorre não somente
uma vez ao ano,
mas uma vez na vida,
uma vez no universo.
Apesar de haverem dias semelhantes...
1º de janeiro nunca se repete,
nem mesmo o aniversário se repete.
Uma prova de que todos os dias são especiais
é em cada um é sempre um aniversário
só que para pessoas diferentes,
logo tudo depende da leitura dos fatos.

Mariana Bizinotto – 29/11/2009

sábado, 28 de novembro de 2009

Inevitável

E distraída...
Tentava não sentir
o que era inevitável.
Até que um dia
um insight de cegar
me fez ver o que
vinha de dentro.

Mariana Bizinotto – 25/11/2009

Tempestade

Tempo
Hábil

Amável
Tempo
F r á g i l

Mariana Bizinotto – 24/11/2009

Brincadeiras

Esse olhar,
o pedido de desculpas,
o sorriso esperto,
o disfarce do nervosismo,
o espanto das palavras,
os gestos embaraçados,
as ambiguidades.
Nada me engana mais,
pois toda brincadeira
tem um fundo de verdade.
Só que o melhor
é encarar como um gracejo
e analisar a mensagem
que se esconde
e não a que é revelada.

Mariana Bizinotto – 23/11/2009

Arte, no quarto das ideias

Por que o artista
faz a obra
e esta fica limitada
às paredes gélidas do acervo
e apenas vez ou outra torna-se visível.
Será esta mais uma afirmação
da arte como ideia?
O que vale é saber que alguém
algum dia no tempo
teve uma ideia,
e não vê-la atualizada?

Mariana Bizinotto – 15/11/2009

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O Trem

Levada à reflexão
sobre o fenômeno da disposição,
observei que apesar de, aparentemente,
fechada a possibilidades,
a pessoa pode não o estar realmente.
O fechamento pode não ser total,
mas uma espera,
pela chance certa.
Basta ouvir o coração
e naturalmente descobrir
que para os sonhos
nunca se está fechado,
sempre recluso a observar
o fluxo do mundo,
e a esperar o trem de seu destino.
E quando ele passa,
se observa temeroso,
imaginando como será
o lugar de chegada,
e ele está a parar,
mas por mais que se queira subir,
as pernas ficam presas ao chão
e a cabeça voa alto...
com o corpo todo desintegrado
o trem reinicia o movimento.
O corpo inerte impulsiona-se
e permanece olhando,
olhando apenas,
e o trem passando,
e de repente de um salto
ele agarra-se a traseira
e segue desajeitado,
com o incômodo vento
pelo lado de fora,
até conseguir se infiltrar
e descobrir que o trem só vai,
nunca chega a um ponto definitivo,
nem é cíclico,
viaja-se sempre...

Mariana Bizinotto – 15/11/2009

Será?

Oh verbo confuso!
Inquietante!
“Ser ou não ser, eis a questão!” -
já indagou Sócrates,
reafirmou Shakespeare em Hamlet
e repetiram quase todos.
Não é apenas uma questão existencialista,
reverberada pelos conflitos
e dúvidas afora,
com outras versões, idiomas ou dialetos,
ou até mesmo com uma imagem apagada
pelas mãos de Rauschenberg,
será?
é uma questão que não quer calar,
não se cala,
e não se calará.
O combustível do mundo são as incertezas.
Será? será sempre uma busca.
Seja sendo ou não sendo.
Eis sempre a mesma questão.

Mariana Bizinotto – 15/11/2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Após a chuva...

Após a chuva
a neblina espessa
encobre a realidade
e aos poucos esclarece
a melhor verdade.

Mariana Bizinotto – 15/11/2009

Rota

Aprendi o que nem sabia
estar na lição.
Sofri
a dor da incrustação.
Vivi
a imperfeição.
Discuti
com a razão.
Ignorei
o coração.
Temi
a melhor sensação.
Lutei
pela evolução.
Esqueci
da manutenção.
Sabotei
minha própria operação.
Fui surpreendida
pela minha própria invenção.
Perdi
do tempo a noção.
Deixei com você
o meu coração.
Tirei minha própria razão.
Roubei de mim
a convicção.
Esclareci
a rotação.
Retomei
a indeterminação.
Entreguei-me
à oscilação.
E hoje
tento ser feliz
por diversão.

Mariana Bizinotto – 15/11/2009

domingo, 15 de novembro de 2009

Pensar com o coração

Acho que deveria
pensar mais com o coração.
Só ele sabe realmente a verdade.
Procurar no racional
as respostas que só ele tem,
é um erro.
“O pior cego é aquele que não quer ver”.
E o que meus olham não vêem,
meu coração sente mais,
sente muito,
por poder ter evitado sofrimento
e por ter adiado felicidade.
Quando não se pensa com o coração
fingi-se achar soluções.

Mariana Bizinotto – 15/11/2009

O dia esperado

Quando o dia chega
o coração sabe que quer gritar
mas contido espera
ouvir primeiro o outro grito.
E pensam ambos
que o dia não chegou.
Até que tudo se esclareça.
E a incerta certeza
se confirme.

Mariana Bizinotto – 15/11/2009

sábado, 14 de novembro de 2009

Desilusões

Por que temer a verdade?
O óbvio e o sonho?
Por que temer a realização?
Talvez o medo seja na verdade
pela desilusão.
Temendo ser desiludida,
velei meus sentidos
e desejos.
Ocultei meus sonhos e anseios.
E caminhando por caminhos incertos
desiludi-me muito mais
do que pelo caminho que aspirava seguir.
Encontrar o caminho certo
é uma coisa,
decidir por seguir nele,
é outra –
e esta eu não estava disposta
a entender assim.
Por isso dei-me motivos
para que o caminho não fosse aquele.
Depois de voltas e curvas vãs,
decepções e desilusões,
que machucaram-me como espinhos,
deparei-me outra vez
com a porta de entrada
do caminho que me atraía.
Arriscar é uma palavra
bastante incomum em meu vocabulário,
apesar de requerida por circundantes.
E dessa vez ela não foi necessária.
O fenômeno se deu de uma outra forma.
Foi preciso permitir-me viver o instante
e caminhar simplesmente.
As longas curvas mortas ficaram
à deriva do passado,
onde nem as lembranças fazem questão de ir.
Agora o tobogã,
surpreendente,
esfria a barriga
e guarda um novo
sempre por vir.

Mariana Bizinotto – 13/11/2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Realização

Acostumados a um distanciamento físico
e a um limite de convívio
que não denunciasse o sentimento
cultivado por ambos,
e que ora insinuado, ora reprimido
provocava uma dinâmica
entre a expectativa, a certeza e a decepção.
Uma dinâmica que nos sustentou
e à nossa motivação.
Incentivo que aos poucos
passará a ser fornecido por outra fonte:
a realização e felicidade que agora há em nós,
o bem-estar mútuo que provocamos e sentimos.
As peças que espalhamos sobre a mesa
aos poucos se juntarão
e dessa vez comporão uma imagem real.

Mariana Bizinotto – 11/11/2009

Fase de adaptação

Quando o amigo passa a par romântico.
O mistério e a dificuldade
cederão, com o tempo,
lugar à felicidade e ao aconchego.
A expectativa abrirá espaço à realização.
E aos poucos um corpo amigo
passará a um status superior,
de maior privilégio e proximidade,
talvez até mais íntimo.
Porém tudo só o tempo dirá,
como já declarara
um dos mais sábios dos ditados.

Mariana Bizinotto – 11/11/2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Nostalgia

A chuva almeja cair lá fora
e em mim cresce
uma felicidade
de origem inexplicável
e maravilhosa.
E o que importa
não é desvendar esse mistério
e sim sentir o dia e o tempo
pulsando em mim,
enquanto lá fora
a água purifica a matéria,
as lembranças boas
purificam minha alma.

Mariana Bizinotto - 06/11/2009

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Surpreendida pelo óbvio

Agora estou tão feliz quanto boba.
O caro leitor (a) deve estar achando
uma embromação enfadonha,
porém para mim,
o que aqui pretendo expressar
é o mais importante de tudo
o que já quis traduzir em palavras.
No mesmo instante boba e a mais realizada
pessoa que se pode imaginar.
A pouco o homem que amo a tanto
e meu melhor amigo a tempo
segurou minha mão
por meio filme
e beijou-me ao final.
Sem nada falar a respeito
caminhamos até a livraria –
aconchegante como um lar –
seguimos até as mesmas prateleiras
e demoramos muito em conversas
que poderiam fluir até o infinito.
Os amigos riram bastante.
Durante a partida o amigo que caminhava ao lado
pegou minha mão
e ao falar que não sabia o que dizer
mal sabia ele que já havia dito tudo
o que eu mais queria ouvir a tempos -
e que fui saber mais adiante na caminhada –
o que ele também queria dizer a tempos.
Sempre sonhei com um amor assim
em que as palavras, tão excessivas
em outras caminhadas,
não fizessem o menor sentido
e nem mesmo a menor falta.
Não serei infantil a ponto de pensar que é um sonho
quero que seja real.
O que acontece é que ainda estou estupefata.
É um sorriso duradouro
e ao mesmo tempo contido pela surpresa.
É uma sensação de se ter ido, mas não ter aterrissado.
Estou flutuando e vendo a vida de fora.
É...
Indescritível...
Creio que ele também esteja sentindo o mesmo.
Somos tão parecidos
que até nisso a história foi igual.
Até mesmo os dois lados da história se parecem.
Só não estou boquiaberta, porque é uma descoberta boa,
aliás, é a melhor sensação da minha vida,
e porque o sorriso molda minha boca na direção contrária.
O momento da descoberta foi o mesmo da revelação.
Um alívio e um coração acelerado concomitantes.
O fato sempre esteve diante de mim,
porém as metáforas camuflaram a realidade
e tornaram sonho todas as possibilidades.
É tanta a vontade de semear pelo mundo a felicidade,
e também a necessidade de guardar só para nós o momento.
E esse equilíbrio só é possível pela maturidade
arraigada em mim
capaz de deter minha ansiedade.

Mariana Bizinotto – 09/11/2009

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um dia no mundo ao lado

Seres como nós,
nós: eu e o caro leitor;
sim, pois vejo certa igualdade humana
em todos, tanto neste
quanto no mundo ao lado.
Eu estive lá, de visita,
passagem, não penetra.
Estive como quem quer estar.
Aprendi que a vida é bem mais simples.
E que as pessoas são bem mais frágeis
como o nosso mundo coloca.
Talvez este seja um dos itens
de seleção entre os mundos.

Boas pessoas, ótimas pessoas.
Assim como aqui, pessoas de todas as maneiras.
Mais aventureiras, mais ousadas,
mais despreocupadas com a razão;
mais sensíveis, mais leves.
Essa é a impressão de quem olha,
porém quem sente pode nitidamente
ver um conflito interno,
uma necessidade de refúgio,
de ter um porto-seguro
ou uma forma de alienação;
dar um tempo do que incomoda,
uma perda temporária de memória,
uma perda induzida.
A meu ver os fatos não se sustentam,
pois a memória que se perde
não é a que de fato se quer perder.

Respeito a forma
como cada um conduz sua vida.
E se achar que enganando
e controlando a mente
para que ela esteja atenta
apenas ao que se quer-
lembrando o termo da falsa-sensação -
é uma boa forma de vida,
não serei eu a voz da proibição.
Quem dera,
nem voz nesse mundo se tem sozinho.
A função da ponte é justamente
a de separar esses mundos ou uni-los,
na hora em que convier.

Mariana Bizinotto – 22/10/2009

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Suposições

Suponho que o mundo
possa acabar amanhã.

Suponho também que
ele vare a eternidade.

Suponho que a vida
não passe de uma página branca.

Suponho que a matéria
não seja nada sólida.

Suponho que a rotina
seja apenas invenção.

Suponho que a cabeça
esteja muito alta para ver o chão.

Suponho que as pedras
sejam ao mesmo tempo nuvens
e nos façam descobrir outros mundos.

Mariana Bizinotto – 21/10/2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Zine 'Tire dúvidas ou Lente de aumento' por Mariana Bizinotto

Este é o zine que fiz e será distribuído durante a Jambolada Literária, no stand do Grupo Tamboril e no stand do Coletivo de Literatura Subsolo, na JAMBOLADA 2009.









Espero que apreciem.
Mariana Bizinotto - 21/10/2009


Devaneios

Sou grata a uma amiga
por ela ter destruído meu sonho
enquanto ele estava no começo,
mas como o ser humano é teimoso,
não destruído por completo,
ainda havia esperança.
Só que eu estava de sobreaviso.
Os voos já eram mais curtos.
Voava um pouquinho e aterrissava.
Voos rasos...
que ainda me permitiam tocar o solo
entre um e outro devaneio.
E justamente no dia em que
arrisquei a voar um pouco mais,
meus pés se fixaram de vez no chão.
Assim é a vida...

Mariana Bizinotto – 22/10/2009

Pessoas pisca-pisca

Pessoas surgem como luzes no fim do túnel
e depois se apagam,
nos abandonam no frio da caverna.
A mercê do tempo e de intempéries.
E o tempo traz outras pessoas.
que pisca-pisca passam...
E a vida é construída assim
entre os claro-escuros da vida
a esboçarem uma personalidade
no tempo-espaço desse universo cavernoso.

Mariana Bizinotto – 18/10/2009

Ciclo

Depois da chuva
o sol revive a poeira...

Mariana Bizinotto – 18/10/2009

domingo, 18 de outubro de 2009

Tendências

Tende
Tem de

“Tender: esticar, inclinar-se”;
No verbete Ter:
“tenente: substituto de um chefe na ausência deste”
Há certo sentido em pensar
essa relação.

Ter de algo (uma ação provavelmente)
Tender a realizar algo (provavelmente uma ação também)
Por exemplo, ter de assinar, tender a assinar
Há uma pequena diferença de significados
um obriga o outro impulsiona,
porém também não se pode negar a estreita relação.

*dicionário consultado: Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (Antônio Geraldo da Cunha)

Mariana Bizinotto – 18/10/2009

Difusa percepção

Colorido o mundo
salta diante meus olhos
a preto e branco,
reforçando a pressa
e a necessidade de chegar,
só não sei onde.

Mariana Bizinotto – 18/10/2009

Dia de chuva lá dentro

A água sobe na sacada, lá fora...
Sem trégua, a chuva e o vento
levam de mim o que mais estimo
no momento,
meus pensamentos.
E sabe-se lá onde estarão eles agora...
O fato é que a água sobe e inunda
o que sobrou da tempestade.
Ouvindo uma banda nova
meus pensamentos viajam
entre o texto que deveria estar lendo
os planos futuros
e um nada que me fez vir aqui.
Não sei ainda bem o que esse nada
queria dizer ou quer de mim,
mas me faz compor palavras em versos
e expressar, inclusive a surpresa
de um sol repentino que se aponta.
Vou ali ver se meus pensamentos
estão muito encharcados.

...

Não os encontrei.
Talvez tenham avistado mente mais calma
para se estabelecer.
Um dia voltam.
Deixa ser!
Mas e esse sol!?
A água já desce de nível
e não ameaça mais invadir meu refúgio.
Quem sabe não fui eu quem fugiu
desses pensamentos?
Se fosse, por que estaria a procurá-los?
Que reflexão mais desconexa é essa
que me faz pensar não pensando?
Não pensando pensar?

...

Batem à porta...

!?

Mariana Bizinotto – 18/10/2009

Pinga Pingo

Chuva
leve lava livra
livre leva lave
vire encharque volte
mate afogue limpe
límpida mata volta
molha mela afoga
leve livre vai
volte molhe mele
vele esqueça reviva
nasça aparece morre
cai corre salta
vira lava e leve...

Mariana Bizinotto – 18/10/2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Feliz aniversário

Já que a vida não pode ser um mar de rosas
que elas se sobressaiam pelo caminho
e que se aproveite esses bons momentos!!!
De rosa em rosa se constrói
a felicidade...

Mariana Bizinotto – 15/10/2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Altos e Baixos

A pior visão
é a de um fato desagradável.
O pior pesadelo
aquele que se concretiza acordado.
O maior medo,
a morte.
A pior sensação,
a infelicidade.
O melhor momento
quando se tem a ilusão
de ser dono de sua própria vida.
A melhor frase,
a que todos querem ouvir.
A frase mais especial,
a que poucos ouvem.

Tudo no universo
é constituído de altos e baixos,
montanhas e vales,
externo e interno.
Extremos, opostos e contrapostos.
Inclusive uma das complexidades
que envolve existência: a vida.

Mariana Bizinotto – 24/09/2009

domingo, 4 de outubro de 2009

Traição

A traição nada mais é que um furto.
Retira-se sem violência física
nem movimento aparente.
Uma ideia roubada,
o amor ou a confiança de um ser,
ou tudo que não seja material
é surrupiado pelo presente.

Mariana Bizinotto – 24/09/2009

Verdade pura e cruel

Nunca gostei do que sempre
ouvi a respeito da verdade:
que “é dura”.
E desgosto mais ainda a partir
do instante em que a conheço.
Por que o puro
tem de ser ao mesmo tempo cruel?
Puro de certo ponto de análise,
pois já sofrera lapidação de várias mentes:
sonhadoras, criadoras,
sofredoras, investigadoras.
A pior verdade é a traição,
seja do tipo ou no campo em que for.

Mariana Bizinotto – 24/09/2009

domingo, 27 de setembro de 2009

Balanço

Quantos livros na estante
ainda nem li.
Quantos poemas foram perdidos,
porque não escrevi.
Quantas ideias se foram
por estarmos ocupados.
Quantas músicas não ouvi,
ensurdecida pelo trânsito.
Quantos teatros não vi,
para dar assistência a alguém.
Quantos passos não dei
por estar tomando decisões.
Quantas vidas se foram
por não planejarem.
Por isso o absoluto
é uma qualidade sobrenatural.
Reles humanos
estamos sempre tentando
nos equiparar ao símbolo de perfeição
que criamos.
Enquanto tudo que existe de concreto
são as oscilações.
E na medida em que
nossos pensamentos voam como borboletas,
nossos pés correm rumo ao horizonte.
E mais um dia de luta entre o querer e o dever
se finda com o pôr-do-sol.
É tudo uma questão de administrar a vida.

Mariana Bizinotto – 13/09/2009

Notícia-fato

Hoje recebi a notícia
de que a mãe de um amigo falecera
e tomei a notícia como minha
bem como a dor que ela trouxera.
As lágrimas não escorreram,
mas se formaram
e estão em meu íntimo
prestes a derreter todo o meu corpo
agora de papel.
A característica de poeta ou sensível
vai além do simples imaginar
da dor do outro
consiste em tomar para si a dor -
ou outro sentimento alheio, -
compartilhar do estado de espírito
e viver mais do que uma só vida propicia.
Prós no sentido
de experiências e inspiração.
Contras na medida em que retira-te de ti
e propõe-lhe a vida do outro.

Mariana Bizinotto – 24/09/2009

sábado, 26 de setembro de 2009

Sabedoria

Há dias em que amanhece tudo escuro.
O sol aparece sombrio.
E depois do mundo desaguar
tudo torna a ser lindo.
Surgem aves amigas a murmurar
palavras a esmo
que apesar do não compromisso
e justamente por isso
fazem tão bem.
E o alívio é imediato.
Saber quando sorrir
e quando chorar
é uma das maiores sabedorias do mundo.
Enquanto uma das maiores dificuldades
é controlar as emoções.
Há dias em que se procuram espinhos
e nem se percebe as rosas caídas pelo caminho
a implorar socorro ou até mesmo atenção.
Há dias em que se procuram rosas
e tudo o que parece restar são os espinhos
da caminhada anterior.
Mesmo assim,
anda-se no caminho infinito
e totalmente imprevisível
procurando o que se quer encontrar
e esquecendo de encontrar o que não se procura.

Mariana Bizinotto – 24/09/2009

Busca pelas respostas

Eu gostaria de saber quem tem as respostas
para as minhas perguntas.
Não lhe digo nada,
porque sei que não me compreenderás.
És humano como eu.
Queria que foste comigo nessa busca,
queres, porém não entendes o motivo da viagem,
logo não me compreendes, nem apoias.
Queria eu que estivesses ao meu lado
e estar ao teu, a crescermos juntos.
Exiges de mim e não escutas
o que tenho a reclamar de ti.
Também não és perfeito.
Sabes disso, eu sei,
mas teus defeitos vão além
dos quais já tens conhecimento.
Compreendi os meus,
quero mudar, também por mim
e é por isso que parto nessa viagem
mesmo sem ti. E garanto:
Eu volto! E melhor!
Pena que não saberás
como se deu minha evolução
e as respostas que descobri.
Espero que também encontres tuas soluções.
Se precisares estarei sempre pronta a lhe ajudar.
Até a volta,
apesar de que fisicamente estarei sempre aqui.

Mariana Bizinotto – 16/09/2009

Onde está a verdadeira essência humana?

Quem muda sou sempre eu,
porém os outros não percebem
que se mostraram diferentes primeiro.
Talvez por já serem assim
e só não terem revelado tudo de início,
ou seja, para mim houve mudança.
Também podem lhes parecer o contrário,
os papéis serem invertidos.
Porém não creio pelas minhas análises.
Até determinada altura de minha vida
fui fechada.
E desde que me abri sou sempre mais transparente
e muito mudou.
Por ser tão incolor
posso parecer monótona diante camaleões.
Creio ser esse o problema:
minha abertura provoca algo que ainda
não compreendo bem.
Meu isolamento também é condenado.
E meu meio termo me faz
parecer uma pessoa falsa,
sem amigos e não merecedora de dedicação.
Não se aproximam demais, nem estão sempre longe.
Estão perto na medida em que lhes convém
e quando sou eu quem necessita, têm afazeres demais
para prestar atenção em mais uma pessoa.

Talvez a pergunta adequada seja:
O que é a verdadeira essência humana?

Mariana Bizinotto – 16/09/2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Amizade verdadeira

é quando se fica longe
e no reencontro
parece que nenhum tempo se passara.
É como se a conversa continuasse
do ponto em que parou no dia anterior.

Mariana Bizinotto – 25/09/2009

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Cultivo

Tenho saudades do meu bem,
meu amor, meu príncipe.
ontem mesmo eu estava a ler
as mensagens de início de namoro
e pré-namoro,
porém ninguém vive de passado
nem mesmo nosso amor.
É preciso sempre renovar,
cultivar e permitir que as raízes se fortaleçam.
Plantastes em mim um sentimento
então cultivas se queres evolução.
Não digo apenas pelas mensagens, pelas palavras,
as atitudes também não parecem mais tuas.
Reflete e compara-te antes e agora.
Eu me apaixonei pelo primeiro,
e não quero traí-lo com o segundo.
Decidas qual deve viver.

Mariana Bizinotto – 16/09/2009

Isolamento

As únicas pessoas das quais conquistei companhia
estão prestes a ir embora
como muitos já foram
pelo tempo, pela geografia
ou sem motivo conhecido.
Há um bloqueio entre meu eu e a sociedade.
Ambos se afastam em sentido contrário.
Isolo-me para não sofrer com o abandono alheio.
Sempre fiz isso
até achar que não era mais necessário
e começarem a me atingir novamente.
Não compreendo mais as atitudes de outrens.
Egos fortes que me dominam e massacram.
Para não haver discussões,
me calo e me dominam.
Para evitar a dominação
me afasto depois de já ter sofrido.
Sem compreenderem, me acusam.
E meu isolamento é todo culpa minha.
Bem como tudo o que se desfez.

Mariana Bizinotto – 16/09/2009

Voz muda

A cabeça do palito de fósforo
no chão da sala de aula
está voltada para mim
e vermelha, ela me chama mais atenção
que o professor descrevendo
um efeito ping-pong no chão cinzento
com o qual suas vestimentas
e cabelos quase camuflam.
De um lado a outro da sala
e de timbre constante
sua voz está sempre presente,
porém de tão contínua
chega a ser muda em nossos ouvidos.
E nesse instante o palito de fósforo
grita mais alto
e me chama atenção para a vida,
me questiona sobre o mundo
e me faz refletir sobre mim.

Mariana Bizinotto – 16/09/2009

domingo, 13 de setembro de 2009

Confissão

À margem do mundo
o vazio de um homem
que não sabe o que quer.

Mariana Bizinotto – 13/09/2009

Evoluir

O mundo gira sob nossa cabeças
e é como se tudo fosse despencar sobre elas.
O peso da dor não é maior
que a consciência do vazio.
Entender o mundo
não é tão difícil quanto entender o outro.
Complexidades da vida humana
descartadas pela mira a esmo.
A roleta decide sua trajetória
e paciente você pensa que vive.
Uma vida sem escolhas, lutas
e consequentemente conquistas.
O acaso, o novo, o inesperado
podem ser atrativos,
mas também é preciso
estabelecer as próprias metas.
Enfrentar o mundo de cabeça erguida,
não de olhos fechados.
Convencer não basta,
o grande desafio é sustentar suas palavras.
Ninguém detém nenhuma sabedoria,
só se administra descobertas a todo tempo,
e são elas que ditam as regras de nossas vidas.
Evolução.
O mundo, a vida, o caminho, o passo,
a respiração, o pensamento,
a batida do coração e o olhar,
é tudo uma questão de evolução!

Mariana Bizinotto – 13/09/2009

sábado, 12 de setembro de 2009

Um povo que fala dos outros

Quando dei por mim
estava eu sentada num toco feito banco
ouvindo falação de roça.
Um povo que fala dos outros.
O tempo passava
enquanto a fala distraía
o trabalho no fogão
e a cabeça desabafava as injustiças.
Um povo que falava da vida alheia,
como todo povo faz -
como que numa análise
inconsciente de sua sociedade -
uns falam por mal, outros por bem;
uns reclamam; outros poucos elogiam;
uns querem mudar o mundo,
outros sabem que não podem sozinhos,
e destes uma parte tenta conscientizar,
outra já se deu por vencida.
Mas e toda forma é preciso falar.
E aquele povo falava dos outros.
E ao mesmo tempo eu observa
as formigas,
será que elas também têm
problemas de convivências?

Mariana Bizinotto – 22/07/2009

Eis a questão

Não sei se é bom ou não
sentir saudade.
Confesso que até ontem senti.
Hoje não sei bem o que pensar.
O tempo apaga as ideias e as transforma.
O que antes era crível, hoje pode não ser.
O que parecia tão distante acabara de acontecer.
O que parecia sonho desabou.
O que tanto buscava já chegou.
O que tanto queria não quero mais ter.

O pensamento foi trocado pela ação.
A razão pela emoção.
E o resultado nada agradável
da análise pós-acontecimento
trouxera os remorsos.
Estabilidade foi substituída por desafio.
Porém a minha vida exige segurança.
Não a mesma, rígida, que sempre houve,
mas um mínimo suficiente para me estruturar.
Entre o que era, o que fui e o que almejava ser.
Entre o que fui, o que estou sendo e o pretendido,
porém este último não foi definido ainda.

Mariana Bizinotto – 20/07/2009

domingo, 30 de agosto de 2009

Paradoxal dilema

Decidir entre um futuro promissor
e o passado seguro
não é fácil.
Ainda mais quando este passado
teima em ser presente
e o futuro tem pressa em acontecer.

Mariana Bizinotto – 20/07/2009

Voz misteriosa

Calma,
intrigante,
persistente,
era uma voz,
que anunciava o silêncio.
Que queria projetar-se
e continha a si própria.
Queria fazer-se ouvir,
mas era perigoso.
Escondendo-se
descobriu um caminho próprio,
seguro,
no qual não haveriam contestações.
E no qual descobriu estar passível a contradições,
piores ainda que as contestações,
pois estas ofereciam possibilidade de revanche.
Contradições,
no início, difíceis de conviver como ideias,
mas depois de suas raízes
na luta contra as contestações,
era possível seguir adiante,
sem preocupar-se com contradições alheias,
e mais ainda descobriu que também poderia
contradizer-se, a si própria
e o mundo não estaria findo.
Era uma questão de ponto de vista,
e como o mundo gira,
nada mais normal que atualizar-se.

Mariana Bizinotto – 25/06/2009

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A poesia que nunca escrevi

A ideia esperada a tanto
surge enfim
enquanto meus olhos avistam
no horizonte a lua cheia
e eu caminho na rua meio iluminada
e deserta.
Cabeça aberta, olhos sonhadores
e medo inexistente.
Porém mal sabia eu
que minhas idéias eram espreitadas.
O vislumbre pela força mágica
das palavras em mente
cegavam o mundo externo,
o qual só se fazia presente
pela interpretação que ganhava em mim.
Não fantasiado ou uma surrealidade,
mas uma vontade de existir de outra forma.
Sonhos em realização eram acoplados
ao mundo que nunca os suportariam.
E dessa forma o mundo que eu via só existia em mim.
enquanto para os outros nada de especial acontecia.
eu descobria que o mundo que sempre sonhei
poderia sim, existir.
E eu vivia por instantes nele.
É preciso retornar ao mundo dos loucos,
nem por isso abandonarei a sanidade do sonho.

Mariana Bizinotto – 20/07/2009

Ladeiras de Ouro Preto

Muito morro
Muita pedra
Muita igreja
Sobe-desce
Desce-sobe
Igreja
Ladeira
Morro
E pedra...
Ladeira sobe
Ladeira desce
É pedra por toda parte.
Retas, curvas e pedras.
Não que as pedras sejam ruins,
pelo contrário, elas é que dão fama ao lugar.
De certa forma, porque as igrejas
também têm seu charme turístico.
Mas até a arte vista por toda parte lá
é em pedra, pedra-sabão.
Sobe-desce
Pedra vai, pedra vem
E o lugar permanece, encantador como sempre
e cativante como nunca.
Valeu a pena escalar cada pedrinha
e cada ladeira daquela...
Descobrir a história, que, aliás, é bem viva no lugar.
Uma pesquisa em campo,
um repensar necessário.
Ver a arte dos mestres brasileiros
descobrindo ao mesmo tempo
a nova arte que surge nas mãos artesãs,
tímidas e sonhadoras.

Mariana Bizinotto – 20/07/2009

Era uma vozinha

Era uma voz.
Uma vozinha...
som suave,
tão suave
que de vez em quando
se tornava irritante!

Uma vozinha leve...
que não queria aparecer.
Tentava se conter, esconder, omitir ao máximo!
Mas se fazia necessária vez ou outra
e precisava aparecer.

Leve como pena,
era preciso silêncio absoluto
para ouvi-la,
pois até o vento
poderia levá-la, dissipá-la.
Era uma voz tímida, não fraca!
Fraca não, isso não era!
Tímida! Falava com temor,
mas quando conseguia
agarrar um fiozinho de segurança,
falava eloquentemente,
com a força da alma.

Porém era esse tal fiozinho de segurança
que vivia desfiado,
perdido por entre suas entranhas,
que a impedia de projetar-se.

Ir ao longe e alcançar ouvidos errados,
propagar mentiras
ou causar dúvidas,
e encontrar contestações –
essas vinham aos gritos,
escândalos vergonhosos,
aniquilação de todo um ser –
esses eram os maiores temores!

Por isso era preciso
paciência.
Fazer-se útil apenas com a certeza.
E esta certeza faltava-lhe quase sempre.
Falar, era morrer um pouco de cada vez.

E foi essa mesma vozinha
fina, suave, leve
e impacientemente temerosa
que conquistou o mundo.
Não através do som, mas da visão.
Se não era possível projetar-se em pronúncias,
era possível aos poucos transcrever-se,
e assim fazer-se existir.
E foi assim também
que aprendera a tecer os fios de segurança
que haviam dentro de si.
Suas entranhas nunca mais foram as mesmas,
agora eram rígidas,
estavam seguras de si
e conseguiam fazer-se ouvir.

Nunca imaginavam
apesar de terem sonhado diversas vezes com isso,
que um dia estariam à mostra.
Seriam alvo de procura e perguntas
e mais ainda que deteriam as respostas.

Mariana Bizinotto – 25/06/2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Essa tristeza

é uma angústia
do ser
que percebe a vida
passando depressa.

Mariana Bizinotto- 14/06/2009

A chave do mundo

Como nas mensagens subliminares
é preciso decifrar,
se envolver até o infinito
para descobrir o que sempre esteve ali,
escondido, oculto, tímido, misterioso,
instigante, provocativo, sábio.
Ler nas entrelinhas,
nas bordas,
no verso,
no espaço vazio
e no bombardeio de informações;
desvendar os códigos;
encontrar em cada poema
a chave que o abre.

Mariana Bizinotto - 29/05/2009

sábado, 4 de julho de 2009

Sempre há uma extremidade oposta

Quando a lua aponta no céu
a extremidade oposta indica partida.
A partida de uma grande estrela
que iluminou todo o dia,
tornando-o igualmente grandioso.
Não pode toda a noite ter sol,
nem todo o dia ter lua.
As necessidades vitais pedem mudanças.
É preciso aceitar os equilíbrios naturais.
Mas, claro. Não custa nada entendê-los.
Aliás, custa! Mas se estás disposto
a um bom raciocínio
e tempo para refletir...
aventure-se.
Poderiam as plantas fazer fotossíntese sob a luz da lua?
Poderiam as marés se relacionar com o sol?
E a gravidade? Por que não nos deixa flutuar aí?
Até um espaço inimaginável e sem volta?
Por que nos apegamos a coisas materiais?
E por que estamos sempre criando?
Para tudo há uma explicação. Por que?
O mundo está muito bem arquitetado
e qualquer ação se reflete em muitas outras.
Por isso há um equilíbrio
que é constantemente desafiado
a fim de se desvendar sua própria importância.
Num jogo de opostos e extremos,
em que não se busca vencedor
mas se depara com empates.

Mariana Bizinotto – 04/05/2009

De mentira em mentira

De mentira em mentira
só se enche o papo.
Não há digestão.
(Você digere suas próprias mentiras?)
Morre-se de fome.
De mentira em mentira
não se constrói nada.

Mariana Bizinotto – 04/05/2009

Diálogo entre namorados

Às vezes as palavras não comunicam tudo.
E o corpo, as expressões faciais, o olhar
precisam intervir.
Expressão de afeto, carícia.
Troca de pensamentos
quase que como uma osmose.
O silêncio é o fundo perfeito
para a melodia visual que acontece.
Imóveis, percebem os movimentos um do outro.
O pulsar dos sentimentos no outro e em si.
E nesse instante de silêncio
falam tanto...

Mariana Bizinotto – 04/05/2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

"Não quero me libertar"

E faço destas as minhas palavras.
Não consigo mais me imaginar sem você,
o mundo perderia as cores, os aromas
e nada teria mais o mesmo gosto,
pois é você que alimenta minha alma...
Estou presa a ti
e prentendo assim permanecer
o resto de nossa vida,
pois assim nos tornamos um só,
duas metades que se completam
e fazem-nos existir por um todo.

Mariana Bizinotto - 22/06/2009

O problema da distância

Num distanciamento,
por que sempre parece
que o problema é maior para quem fica
do que para quem parte?
Quem deixa tem um motivo forte
que quem fica nem sempre entende
e muito questiona.
Deixar distanciar e distanciar-se:
problemas diferentes?
Há quem diga que sim;
há quem vivencie que não.
Todas as distâncias são distâncias,
todas deixam vazios
e preenchem dúvidas;
fazem descobrir o óbvio
que o costumeiro velou.
De qualquer forma
distâncias abalam,
às vezes desestruturam,
às vezes reestruturam.
Compreender necessidades
já é uma questão de bom senso.

Mariana Bizinotto – 08/05/2009

Meu príncipe encantado

Um grande amor
promete povoar meu coração.
Minha cabeça já está tomada de sonhos.
Por minha mente passam inúmeros pensamentos
e em todos eles há você.
O que começou como mais um
tornou-se único, especial e querido.
É uma sensação de descoberta.
De descobrir o tudo no nada.
Mas ainda de ter sido descoberta.
Não imaginava que príncipes existiam,
menos ainda que vinham disfarçados.
No início da adolescência
uma professora dizia para que eu não esperasse,
que meu príncipe não bateria à minha porta
em um cavalo branco.
Ela estava certa.
Ele veio num carro branco,
quando eu já não acreditava mais em príncipe.
Demorei para identificá-lo como príncipe.
Estava fechada a decepções
e consequentemente não me abria a oportunidades.
Procurava nos lugares errados
seres menos anormais.
E descoberta no lugar menos esperado,
encontrei meu príncipe encantado.

Mariana Bizinotto – 04/05/2009

Mentiras

MENTIR
MENTE IR
Deixar a imaginação levar
para além dos fatos reais.
Tentar simular uma outra realidade,
um passado que nunca existiu.
Não é uma invenção benéfica.
A vida e os companheiros de viagem
não querem uma ficção.
Saber o que se passa;
entender o agora,
é uma necessidade humana.
Deixar a mente ir;
criar também é bom.
Deixar a simulação substituir
é o grande erro.
Modificar a existência
de um tempo,
de eventos,
e quando se perceber os rumos tomados
será tarde,
irreversível,
o rio já terá inscrito seu curso.
E as águas subseqüentes
estarão destinadas a segui-lo,
até o mar das decepções,
onde descobrirão as farsas.
As promessas de felicidade
terão ficado presas às pedras.
Vãos espaços
no coração que já não bate.

Mariana Bizinotto – 04/05/2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

Irreconhecível

Um homem com ‘dor de cotovelo’
é um perigo.
Não há mais quem o entenda
ou preveja suas atitudes.
Nem ele mesmo sabe o que faz
e só o faz sem medir suas ações
que antes eram milimétricas,
cuidadosas, carinhosas.
Agora, agressivas
e sob um impulso,
que fazem desconfiar até às melhores amizades.
Irreconhecível,
o novo homem trava uma luta,
que não sabe ser contra o motivo da dor
ou contra si mesmo.
Recuperar a perda
ou conformar-se com outra ocupação?
Enquanto não descobre a resposta,
ocupa-se apenas em lutar
afinal, é preciso tentar dissipar a dor,
seja como for.

Mariana Bizinotto – 08/05/2009

domingo, 7 de junho de 2009

Lugar de troca

Sacolão, varejão...
O nome tanto faz!
É o lugar em que se troca
construção do homem
por criação de Deus.

Mariana Bizinotto - 07/06/2009

sábado, 6 de junho de 2009

Poema de uma tecla SÓ

SÓ SÓ SÓ
SÓ SÓ SÓ
SÓ SÓ SÓ

SÓ SÓ SÓ
SÓ SÓ SÓ
SÓ SÓ SÓ SÓ

SÓ SÓ SÓ
SÓ SÓ
SÓ SÓ SÓ


SÓ SÓ SÓ SÓ
SÓ SÓ SÓ



Mariana Bizinotto – 12/05/2009

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Cartas & Rosas

Deixe que as rosas sussurrem ao seu ouvido
o que eu não sei lhe dizer,
talvez até saiba,
mas não consiga,
por me tornar imóvel diante de ti.
Hipnotizado
por tua alegria e ciência de vida.
Seus olhos são labirintos
pelos quais aos poucos
me arrisco adentrar.
Enquanto minhas falas mudas
não chegam aos teus ouvidos.
Abra teu coração,
deixe que ouça minhas cartas
e minhas flores, a sussurrarem
um amor que eu já sinto.

Mariana Bizinotto – 04/05/2009

Sabedoria

SABEDORIA
SABER DOÍA
Não saber seria fingir
uma vida que não existia.
Era preciso,
foi preciso doer.
Agora o saber no ser,
é conhecimento.
Aprendizado incorporado,
mas saber doeu.
Foi a dor da incrustação.

Mariana Bizinotto – 04/05/2009

Namoro

Entender o outro
Descobrir o outro
Descobrir no outro
um pouco de si.
A parte que faltava.

Mariana Bizinotto – 04/05/2009

Brincadeira de criança

Como uma brincadeira de criança
paixão e confiança
vão sendo construídas.
O alicerce de um grande amor.
A cada olhar,
tímido, sincero,
uma criança que redescobre o mundo
num corpo de adulto.
Um adulto que percebe
que por mais criança ainda tente ser
já perdeu,
melhor, esqueceu,
algo da essência simplista.
Muitas vezes
a felicidade está no mais simples.
Em perceber a grandiosidade
que o simples torna corriqueiro.
Em redescobrir o que já se estava acostumado
a ver ou saber.

Mariana Bizinotto – 04/05/2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ainda se deixa para depois...

Por que as pessoas deixam as conversas para depois?
Depois passará o tempo.
Passarão as sensações.
Assim como poeta que não escreve em tempo
e perde os versos...
Os instantes são breves
e carregados de energia.
A cada lembrança
algo se perde ou se confunde
na trajetória de neurônio a neurônio.
As sinapses,
já sem ápices,
fragmentam, incrementam,
contorcem, distorcem,
deformam e informam,
uma verdade construída.
É como a fotografia abstrata.
Uma realidade manipulada.
Afinal, como é mesmo que o poema começou?
Palavras e pensamentos
são como grãos de poeira no vento
se dissipam e se perdem com facilidade.
Por isso cada instante é preciso e precioso.
Existe com tal intensidade
uma única vez
numa única forma
com uma unidade momentânea
que vai se
F R A
G
M
E N T
A
N
D
O

Mariana Bizinotto – MARÇO-ABRIL/2009

Dia laranja

Certa vez
acordei num dia laranja.
Seria um dia forte,
não tão agradável.
Com emoções e incômodos.
Mudei, inclusive, os tons
da tela de um aparelho.
Para personalizar...
E não sei por que estão lá até hoje.
As matizes que antes eram incogitáveis de surgirem,
agora, integram meu cotidiano.
Aquele dia laranja me fortaleceu,
a ponto de o desagradável do laranja
não me afetar mais.

Mariana Bizinotto – 22/04/2009

Amigos

O passado veio me encontrar
anunciando o aniversário de um ano.
E trazendo consigo
todo um sentimento adormecido.
Uma amizade saudável
que me recompôs,
assim como havia me ajudado a ser,
a me compor como um ser feliz.
Da qual não me desapeguei.
Apenas tive que me desprender
por forças do destino.
Aprender a viver
com outras verdades;
a conviver com a saudade.
E hoje tudo retornou,
uma presença gratificante.
Quis ir embora com eles.
Quem sabe não andássemos
até retornar aos tempos tão alegres?

Mariana Bizinotto – 22/04/2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Gavetas

Agora minhas gavetas
vivem do lado de fora.
Às vezes é bom ventilar as memórias...

Deixar que o vento leve os ácaros
e reviver passagens importantes.
Permitir que as mágoas se dissipem
e se libertar também
desses fantasmas que assombram
e aprisionam num passado sem fim,
agora limitado,
pelas expectativas que há de revivê-lo.

Algumas cartas e fotografias
se esconderam.
Temeram o ar puro
da cidade em evolução.
A verdade,
pétrea realidade,
dói,
mas mesmo assim, pulsa no íntimo de cada ser.

Esconder-se numa fuga de si mesmo.
Doce engano da vida que só se mata um pouco mais.
Se prender para não evaporar.
E quando se vê evaporou-se sem nem se prender,
sem nada se guardar,
sem viver.

Mariana Bizinotto - 06/05/2009

Superação

Vergonha e medo
são igualmente difíceis de superar.
Será por isso que quando acontecem
são chamados de super ações?

Mariana Bizinotto – 24/04/2009

Revelação

Eu achava que os homens
não tinham sentimento,
mas têm!
A ponto de até surpreenderem
as sensíveis mulheres!

Mariana Bizinotto – 28/04/2009

Medo de perder

Por medo de perder a pessoa amada,
acaba-se agindo
de maneira muito complexa,
o que só contribui para a perda:
a acelera.

Mariana Bizinotto – 28/04/2009

Prédio

Quatro chaminés
no apartamento de cima
tagarelam sobre a vida alheia.
E sabe-se lá
o que mais fazem;
além de sufocar os vizinhos.

Mariana Bizinotto - 21/04/2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Romance

Já havia me esquecido
de como o outono
é romântico...

A suave brisa
vem ao nosso encontro.
Quer carinho,
nos tira para dançar,
rodopia
e leva com ela nossos pensamentos.

O sol é um perfeito cavalheiro.
Gentil, ilumina sem cegar.
Está sempre presente,
sem, contudo, queimar.

Paineiras desfilam pelo canteiro central.
As flores masculinas exalam calma
e as femininas a exalarem alegria.

O céu,
mais azul que nunca.
E os corações
vermelhos como sempre
batem mais felizes,
apaixonados;
mesmo sem amantes
transmitem a paixão da vida.

Seres momentaneamente
se tornam imortais.

Mariana Bizinotto - 20/04/2009

Felicidade

FELIZ IDADE
FELIZ CIDADE
Quem é feliz em cada detalhe
é feliz por completo.
FELICIDADE
Mariana Bizinotto - 18/04/2009

terça-feira, 21 de abril de 2009

CALMANTE

A escrita,
assim como o amante
tem o poder de acalmar.

Resultado equivalente ao calmante.

CALMANTE
A MANTE
CALMA + AMANTE
CALMANTE

Mariana Bizinotto - 18/04/2009

Construção Sutil

Os olhos cerrados
trazem a marca
de uma vida corrida,
mas não esgotada.
Olhos que pedem compreensão
e desejam a felicidade.
Descobrir no instante final
que a vida é o conjunto de cada momento,
aliás, de todos,
pode ser um choque.
Felizes ou não,
são eles, os momentos,
que determinam a alegria
ou o arrependimento,
no balanço final.

Mariana Bizinotto - 18/04/2009

Ambição

Doce engano da humanidade...
Investiria tudo
para não perder o que tem.

Mariana Bizinotto - 18/04/2009

domingo, 19 de abril de 2009

Páginas

Vejo o tempo passar
pelas datas,
que timidamente
marcam os cantos das páginas.
Vejo o quão produtivo foram os dias.
E quão vazio é o espaço além deles.
Números infinitos
que não se cansam de proliferar
têm pressa de se esgotarem.
Coitados!
Não sabem que é impossível acabar.
O homem não permitiria tal movimento
seria contra sua ambição.
Ele inventaria outros tantos infinitos.
Teria sua própria solução.

Mariana Bizinotto - 18/04/2009

Consciência

Arrependimento
são lembranças ruins
que pensamos
ter tido a oportunidade
de evitar,
e no entanto,
arriscamos.
Foi necessário
por um lado,
aprendemos,
amadurecemos.
Não deixa de ser
um arrependimento,
uma cobrança de nossa consciência,
mas é também uma lição.
Então aprendamos com ela
e acertemos na próxima encruzilhada.

Mariana Bizinotto - 18/04/2009

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Destino, se trilha?

Passos incertos.
Apesar do chão firme de cimento,
pés que se sentem sobre a areia.
Ondulante,
impaciente,
suave
e agressiva.
Numa tentativa de controlá-la,
se é controlado.
Angústia do ser impaciente
que procura trilhar seu próprio caminho.
Vencer barreiras
lutar contra mares e marés,
esquecendo-se
que ainda está na areia.
E que lá os movimentos são diferentes.

Passos que tentam acompanhar os sonhos
em ritmo largo,
acelerado,
tentando chegar
onde nem se sabe querer ir.

Mariana Bizinotto - 01/04/2009

terça-feira, 14 de abril de 2009

Dores da alma

A dor física não é maior
que a espiritual.
A dor do dever não cumprido.
Da esperança de outrem fracassado.
E o peso da derrota.
Não há carga maior que a emocional.
Esta não cabe em um simples corpo,
por maior, mais alto
ou mais rígido que seja.
Impossível suportar
as dores da alma.

Mariana Bizinotto - 14/04/2009

Separação

Apesar do tempo que se passou
ainda ouço seus passos
pela casa vazia.
Ainda sinto seu perfume
em meu corpo.
Ainda vejo sua bagunça espalhada.
Ainda falo contigo,
mas a única resposta
é o duro som do eco,
que fica a martelar minha cabeça.
Sem que eu esqueça
o que construímos juntos,
um mundo só nosso.
E que agora
na divisão de bens,
não sabemos com quem ficou.

Mariana Bizinotto - 01/04/2009

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Face familiar

Uma face familiar
surge diante de mim.
Instantaneamente a memória
busca referências.
Elas não são imediatas
mas estão ali,
prestes a aparecer
ou a se ocultar para sempre.
São memórias antigas.
A face sofrera transformações,
porém há traços marcantes
que a definem como conhecida.
Algo mais me chama a atenção.
Uma ânsia de diálogo e conhecimento,
ou reconhecimento,
me fazem reprocurar a face
a qual suspeito não ter me visto.
Vultos me dizem que a face acabara de sumir.
O meu corpo acaba obedecendo
aos comandos de busca da mente.
Porém não é suficiente mais ver,
também é preciso ser visto.
Quando a mente se ocupara de outras atividades
e interrompera a busca;
os olhos a avistaram.
Ao aproximar-me
meus olhos encontraram os da outra face.
Foi um longo e breve olhar.
Longo o suficiente para dar esperança,
só não sei ao certo o que esperava.
E breve como um passar.
Tempo depois nossos olhos se avistaram,
num novo passar, mais longo,
tentaram se desviar,
mas nossos olhares voltaram a se encontrar.
Foi uma sensação de felicidade.
É como se nos conhecessemos a muito tempo.
Pensei ter me lembrado de onde,
mas suspeito que eram apenas
traços infantis semelhantes.
Mesmo assim,
a face madura
parecia já estar gravada em mim.
Seria a outra metade de minha alma?

Mariana Bizinotto - 14/03/2009

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Relógio

Contando o tempo
para te ver.
Mas o relógio parou.
Teima em não se mexer.
Quer carinho, atenção.
Também é prisioneiro de si próprio.

Mariana Bizinotto - 02/04/2009

Deslocamento no espaço-tempo

Deslocada.
É assim que me sinto.
Espaço e tempo em constante mutação.
A ponto de se confundirem.
É como andar por um lugar desconhecido
e ao mesmo tempo familiar.
Rostos conhecidos me perseguem.
Fantasmas que não cessam.
Teimam em surgir
em todo lugar.
Acontecimentos de possibilidades mínimas,
em meu inconsciente,
se fazem possível por instantes.
Porém o simulacro sempre é descoberto.
E a razão íntima do existir, julgada.
Os caminhos parecem o mesmo.
Lugares conhecidos.
Lugares nunca percorridos.
Lugares ao mesmo tempo.
Lugares num mesmo tempo.
Lugares & tempo.
Em dois lugares ao mesmo tempo.
Em nenhum lugar a todo tempo.
Em nenhum lugar a nenhum tempo.
Deslocada!
É assim que eu me sinto.

Mariana Bizinotto - 08/04/2009

terça-feira, 7 de abril de 2009

Delírios Solitários

Da varanda
o assobio do vento
é o único indício
de outra presença.
O vento rápido, ágil,
faz de mim frágil ser
em minha solidão.
Ele passa e nem percebe
que o observo.
As folhas secas do chão
vieram de longe,
e afirmam a ausência de vida
na região.
Alguns cacos de vidro
estão como meu coração,
jogados a esmo.
A porta range
afastando de mim
minhas únicas lembranças.
Estou só, nessa imensidão.
Serei eu a única presença de vida
ou será que também já morri?

Mariana Bizinotto - 31/03/2009

Nascimento do Primeiro Amor

Recoberta pela cortina
a carinha de menina
que espia pela janela.
O coração que leva no peito
já conhece o que é o amor
e bate acelerado
quando ele passa;
ou preocupado
quando ele não passa.
O corpo de mulher
se endireita ao vê-lo surgir.
faz pose, ao mesmo tempo
em que quer fugir
para que tudo permaneça em segredo.
Os pensamentos
são, ora maduros, de mulher,
ora ingênuos, de menina levada.
Ânsia de ser.
De poder ter o outro
junto de si.
Ânsia
que ora se desafia como desejo
ora se encobre como sonho.
E observa intacta ele passar.
Enquanto ela também passa,
despercebida.

Mariana Bizinotto - 31/03/2009

Corpo

O corpo se altera,
excita,
repele a si próprio.
Uma confluência de percepções e ações.
Apenas uma lei natural,
física: ação e reação.
Nada complexo,
se por trás dos conceitos
não houvessem definições.
Hipóteses certas ou incertas,
passageiras ou concretas.
Hipóteses.

Corpo que sofre.
Corpo agente.
Corpo,
mas não corpo somente.
Escuta, reflete,
se pensa, se reinventa.
Um processo criativo de si mesmo.

Se conhece,
se encanta,
se estranha,
se despreza,
se apaixona por si próprio.
Conhece a si, ao outro,
ao universo,
e descobre a ignorância.

Mariana Bizinotto - 07/04/2009

Reação do corpo

Após um momento de raiva
ou desespero,
o alívio!
Uma sensação da mente para o corpo.

É preciso se equilibrar.
O extremo oposto,
(prazer-felicidade) é alcançado.

Relaxado,
o corpo está novamente preparado
para enfrentar o mundo.

Mariana Bizinotto - 07/04/2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Crise existencial

Versos intempestivos.
Esféricos.
Redundantes.
Relutantes.
Não querem ser vistos.
Não podem ser lidos.
Mas precisam ser escritos.
Devem existir.
Páginas brancas
que falam muito.
Páginas cheias
que permanecem em silêncio.
Páginas sinceras.
Páginas belas.
Nada tem sentido,
sem a fragilidade
que há na luz de vela.
O mesmo vento que a apaga
é o oxigênio que a faz viver.

Mariana Bizinotto - 30/03/2009

Quem é a criança?

Chegamos numa época
em que mãe e filho
correm pela loja.
Não se sabe mais quem é a criança.
Menina mãe
que ainda nem foi totalmente criada
e já tem que criar outra pessoa.
O pai?
Um moleque,
ainda não é responsável
nem por seu próprio dever de casa.
O que será desse ser,
criado por crianças?
Alguém que não conhece a fase adulta?
Uma eterna criança?
Como enfrentará o mundo
e toda a crueldade que o espera?
Enquanto não se descobre a resposta
ou uma solução,
mãe e filho ainda correm
por entre as mercadorias da loja.
E os corredores exercem sua literal função.

Mariana Bizinotto - 05/04/2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Desde que você se foi

A cada suspiro,
uma lembrança sua.
A cada palavra sua que retorna
em meus pensamentos,
uma lágrima.
A cada sorriso seu que revivo
um aperto no peito.
Triste sensação.
Não foi uma simples perda.

Amor eterno.
“Até que a morte (n)os separe”.
Agora que se foi
Sinto-me como se estivesse morta.

Mariana Bizinotto – 30/03/2009

Fases

Nos olhos
uma menina
que aspira o posto de mulher.
Nas marcas e espinhas
uma adolescente
que só quer se divertir
e ser feliz.
Nas sobrancelhas contraídas
a frieza calculista
da mulher que pensa a longo prazo.
Nas rugas que já aparecem na testa
o peso das responsabilidades.
no coração sofrido
uma garota que ainda espera
o grande e eterno amor.

Mariana Bizinotto – 30/03/2009

Um centro fixo

Idas.
Vindas.
Voltas.
Inumeráveis voltas.
incansáveis retornos.
Em torno
tudo gira.
Uma confusão
em minha mente.
Inconveniente.
Busco o centro
meu ponto fixo.
Quando tudo parece em paz
Esbarro novamente em você.
E toda ordem não passa de uma utopia.

Mariana Bizinotto – 30/03/2009

Limite

No limite entre a razão e os sentidos!
Entre a sensação de dever e liberdade.
Um querer contra-vontade
Um sonho pela metade.
Cada batimento um verso.
Cada sonho, um universo.
E eis o ser em seu limite.
Um querer sem poder.
Um viver com morrer.
Uma mistura de medo e prazer.
Sabedoria e ignorância.
Monotonia e extravagância.
Solidão e aliança.
Fantástico e real.
Mas afinal,
nunca se sabe ser a vida,
um sonho ou um fato.

Mariana Bizinotto – 22/03/2008

O que a vida me fez ver

Suas palavras, feitiços.
Você não é nenhum príncipe.
A pobreza do menino no farol,
uma farsa.
Há sim quem precise,
mas acreditar nele foi um engano.
Promessas vãs de um candidato a enganador.
Sim, essas foram muitas.
Quanto me roubaram!
Não só em dinheiro, parte do meu salário,
tempo e confiança foi o que mais levaram.
E aquela palavra amiga
seguido de um sorriso inimigo pelas costas.
A vida me fez desconfiar.
Foi assim que
amizades foram feitas à peneira.
Amores descobertos de poeira.
Medos superados a vida inteira.
Dores de crescimento à minha maneira
Revelam a maturidade do meu ser.

Mariana Bizinotto – 28/02/2009

segunda-feira, 23 de março de 2009

Pessoas...

Pessoas são poeiras.
Se não ficarmos espertos,
o vento as leva.

Para
longe, distante ou sempre...

Ele também pode as trazer de volta,
mas tudo não passa de
uma hipotética incerteza.

~~~~~

Mariana Bizinotto - 23/03/2009

domingo, 22 de março de 2009

Último paradeiro

Quadras e quadras.
Blocos e esquinas,
sem muros.
Árvores, jardins e parques
se interpõem às harmônicas residências.
O agitado centro comercial
cede lugar ao turismo e ao poder.
Enquanto a economia
se faz em linhas retas, isoladas,
entre as tantas quadras.
Num lugar em que também
é disposta em linha,
escola e religião.
Sem muros ou cercas
os carros ao relento
não desaparecem.
As crianças correm entre árvores.
Um lugar aparentemente
perfeito...
Aparentemente.
Aparentemente?

Mariana Bizinotto – 22/03/2009

O Tempero...

Insinuação.
Mistério.
O tempero ideal.
Para que revelar tanto?
É preciso se conter.
Deixar um suspense no ar.
Um gostinho de quero mais.
O desejo de que seja duradouro.
E não chama passageira.
É preciso manter acesa a lareira.

Mariana Bizinotto – 08/03/2009

Vermelhos

Vermelho.
Este poema foi escrito a tinta vermelha.
Por vários motivos.
A última hora fora toda vermelha.
O pôr-do-sol
refletia carinhosamente
a luz vermelha,
do amor que tínhamos
do outro lado da porta.
Amor selvagem,
doce coragem
da ingenuidade;
mas sentíamos.
Vermelho
também foi o sangue
que as feridas
de tua partida
deixaram em mim.
E que não sei
se um dia
se cicatrizarão.
Bonito e feliz
foi o tempo,
que como o próprio
verbo diz,
se foi...
Agora,
outras pessoas nos mesmos corpos.
Nada é como antes.
A única coincidência
são as lembranças
que ambos temos.
Os raios do sol
já no horizonte
flamejam raivosamente,
querem descansar.
Imploramos mais alguns minutos.
O vermelho então se transfere
da luz, ao nosso amor.
Desejo,
Paixão.
Talvez sejam as definições certas
num momento
em que os corpos não se estranham,
mas as mentes não cessam
em tentar desvendar o outro
que há diante de si,
junto a si,
entre si,
ou longe de si.
Sim, se fora.
Não para nunca mais.
Como fora a tempo atrás.
Não se sabe para quando.
Nem até quando as feridas
ficarão abertas.
Pois para que se fechem
é necessário
que o vermelho da paixão se intensifique
e brilhe mais,
como o vermelho do amor.

Mariana Bizinotto – 08/03/2009

Envolto em pensamentos

Ando,
sim, ando!
Por caminhos ainda não findos.
Não sei o que faço
nem por onde vou.
Só sei que neste mundo não estou.
Envolto em meus pensamentos
conheço milhões de questões,
sem sequer me deparar com suas respostas.
E é a elas que busco
por este caminho conflituoso.
É preciso unir as pistas,
para descobrir a verdade.
Se é que ela existe.
Não deixo rastros,
pois não quero me perder
em meus próprios passos.
Não há trilha certa,
nada é definido ou definitivo.
Estou sempre passando, e repassando talvez,
por lugares curiosos.
A lógica começa a perder o sentido
à procura de si mesma.
Mas as sinapses não param.
Pelo contrário,
aumentam a sensação do desconhecido
que está por vir.
E veio.
Também já se foi,
levando consigo mais incógnitas.
Viagem longa,
caminhei por diversas dimensões,
fiz milhões de amigos,
descobri outras diversões.
Retorno
e percebo aqui
o mesmo mundo,
sem alterações.
O tempo não passou,
aqui ainda estou,
na mesma rua.
O passeio,
creio,
durou segundos.
Breves segundos!
Infindáveis segundos.
Célebres.
Fecundos.
Fúnebres.
Intempéricos.
Porém breves,
e ao mesmo tempo
longos em sua essência.
Mas segundos...

Mariana Bizinotto – 05/03/2009

sexta-feira, 13 de março de 2009

Poesia: ocupação ou (a própria) vida?

Uma efervescência de sentidos.
Tudo me impele a escrever.
Versos fracos, graves, agudos.
Versos mudos.
Inspiração
é algo divino, mágico,
SUBLIME..., transcendental.
Vida, amores,
felicidade e sofrimento.
Fantasia, realidade...
sem escapar nem um só momento.

Mas ao calar do coração
tudo se esvai.

Mariana Bizinotto – 17/02/2009

domingo, 8 de março de 2009

Respirando novos ares...

Respirando novos ares...
Cada vez ares mais novos...
É época de ventos e brisas...
De se conhecer e também de se acertar.
É nesse ponto que surgem as confusões.
Indecisões fazem com que o instante nos guie.
Mas acima de tudo procuramos a nós mesmos.
Reinventamo-nos.
Estamos sempre crescendo e descobrindo,
essa é uma fase permanente,
não aparece só na criança.
Ou talvez seja necessária, pela criança
que ainda resta em cada um.
Superação.
Marcas.
Degraus.
Fotografias.
Amizades.
Saudades.
Poesias.
Lembranças
E cartas vazias.
Uma época escrita no coração.
Apesar de qualquer estabilidade ou solidez
estamos sempre a procurar novos ares...
Como a água, ora se resumi em vapor,
ora corre sobre a terra, ou se esconde abaixo dela.
ora se fecha em blocos ou flocos de gelo.
E como a água, nós também não somos constantes.
Coincidência ou não,
nosso corpo formado essencialmente por água
procura o equilíbrio e a harmonia
e se refaz em momentos inusitados.
Sempre à procura de novos ares...

Mariana Bizinotto – 03/03/2009

quinta-feira, 5 de março de 2009

Você aqui!?

Tudo era como sonho.
O amor se prometia eterno.
Um casal próspero.
Carícia no outono...
Calor no inverno...
Amor: em todas as estações.
Ventos mudaram de direção,
levaram-me em outro sentido.
Outra cidade;
outro ambiente.
As aves daqui não cantam
como as de lá.
As pessoas não dizem as mesmas gírias.
A comida, nem se parece...
Novos ares.
Outra fase da vida.
Saudades da primavera...
Outra rotina a estabelecer.
Semanas se passam,
não consigo me acostumar.
Ainda penso em você.
Desempacoto as lembranças
e as guardo em outra caixinha.
Memórias nossas.
Antes ter só as minhas.
A saudade me dói;
por outro lado,
os flashbacks me recompõem.
Momentos bonitos
que passamos juntos.
Poderia ficar horas aqui
olhando cada centímetro de fotografia...
o que não fiz
nem no próprio dia em que foram tiradas.
Se não fosse a porta,
aliás, a estrondosa campainha,
que me trouxe de volta à solidão.
Penso em não atender.
porém meus membros executam a ação contrária.
E abrem.
...
-Você aqui!?

Da fotografia ao corredor.
À minha frente,
não sei se ainda meu amor,
mas certamente,
meu amado.
Não sei o assunto que o trouxe aqui.
Sei apenas que fiquei parada ali.

Mariana Bizinotto – 17/02/2009

Flor da paixão

A flor
é como o amor
ou como a paixão
que brota
no coração.
Nasce.
Cresce.
E morre.

Mariana Bizinotto – 17/02/2009

quarta-feira, 4 de março de 2009

Música

Um dia ainda quis
resumir em uma música
o que todas as músicas dizem.
O tempo é apenas, uma lembrança;
a vida, uma criança...
Mas descobri que cada uma
foi feita para um momento especial,
e fora desse contexto
não teriam sentido igual.
Cada passo, uma nota;
Cada curva, um novo ritmo;
Cada amor, um novo tema;
Cada dia, um novo intérprete;
Cada som, um delírio;
Cada tom, uma força.
Cada música, uma sensibilidade,
um jeito de o mesmo sentir.

Mariana Bizinotto – 17/02/2009

terça-feira, 3 de março de 2009

As juras de amor eterno

Quantas cartas de amor
já não foram escritas,
rabiscadas, pensadas...
Quantas declarações
já não foram ditas,
sussurradas, gritadas,
declamadas...
Quantas juras de amor eterno
já não foram feitas
amedrontadas,
apressadas...
Quantas...?
Quantas foram também
as cartas rasgadas,
amassadas...
As declarações
arrependidas,
mudas...
As juras
esquecidas,
dissimuladas...

Mariana Bizinotto – 02/2009

Travessura

Os óculos anunciavam a idade,
O celular moderno a negavam.
Uma memória lhe fazia extremamente feliz.
Recordação de um sentimento interrompido
O bloquinho de papel a sua frente
Chamava-o para mais perto.
No entanto era necessária uma caneta.
Era preciso esperar que a secretária
Entrasse no consultório médico.
Mas uma página!
Ela não se importaria em ceder uma página...
Criaria coragem de pedir-lhe.
Dirigia-se a mesa dela
Quando o telefone tocou.
Ele havia de aguardar.
As palavras já se remexiam em sua mente.
Queriam sair.
Aguardem!
Mas não! Quando decidem, querem e pronto!
Talvez não fosse a hora...
Mas o coração dizia que era
E as expulsava da mente.
Ah, dor de poeta!
Adormecido
Nem se dava mais ao trabalho
De carregar seus instrumentos...
Agora os tinha urgência.
O telefone se acomodava ao gancho
E a porta do consultório se abria.
A moça ocupara-se outra vez.
As palavras pareciam querem ir junto com ela.
O jeito era tirar-lhe uma página a força.
A caneta também estava lá!
Mas não havia consentimento!
Por que não um telefonema?
Não!
Era preciso reviver a memória por completo!
Papel e caneta em mãos
As palavras foram fluindo,
Se atropelando...
Nada legíveis ou compreensíveis,
Mas lá estavam os versos.
Era preciso uma tradução do próprio autor.
Uma nova página.
Feito isto.
Um avião de papel
Tocara os pés da ilustríssima dama
Que entrava...
Ela assustou-se.
Irritou-se até,
Com aquela brincadeira de criança
Em lugar e hora indevidos.
Porém não havia crianças no recinto.
Mais adiante havia um senhor
E dentro dele a criança
Que sempre lhe mandava
Bilhetinhos em aviões de papel.

Mariana Bizinotto – 05/02/2009