quinta-feira, 23 de abril de 2009

Romance

Já havia me esquecido
de como o outono
é romântico...

A suave brisa
vem ao nosso encontro.
Quer carinho,
nos tira para dançar,
rodopia
e leva com ela nossos pensamentos.

O sol é um perfeito cavalheiro.
Gentil, ilumina sem cegar.
Está sempre presente,
sem, contudo, queimar.

Paineiras desfilam pelo canteiro central.
As flores masculinas exalam calma
e as femininas a exalarem alegria.

O céu,
mais azul que nunca.
E os corações
vermelhos como sempre
batem mais felizes,
apaixonados;
mesmo sem amantes
transmitem a paixão da vida.

Seres momentaneamente
se tornam imortais.

Mariana Bizinotto - 20/04/2009

Felicidade

FELIZ IDADE
FELIZ CIDADE
Quem é feliz em cada detalhe
é feliz por completo.
FELICIDADE
Mariana Bizinotto - 18/04/2009

terça-feira, 21 de abril de 2009

CALMANTE

A escrita,
assim como o amante
tem o poder de acalmar.

Resultado equivalente ao calmante.

CALMANTE
A MANTE
CALMA + AMANTE
CALMANTE

Mariana Bizinotto - 18/04/2009

Construção Sutil

Os olhos cerrados
trazem a marca
de uma vida corrida,
mas não esgotada.
Olhos que pedem compreensão
e desejam a felicidade.
Descobrir no instante final
que a vida é o conjunto de cada momento,
aliás, de todos,
pode ser um choque.
Felizes ou não,
são eles, os momentos,
que determinam a alegria
ou o arrependimento,
no balanço final.

Mariana Bizinotto - 18/04/2009

Ambição

Doce engano da humanidade...
Investiria tudo
para não perder o que tem.

Mariana Bizinotto - 18/04/2009

domingo, 19 de abril de 2009

Páginas

Vejo o tempo passar
pelas datas,
que timidamente
marcam os cantos das páginas.
Vejo o quão produtivo foram os dias.
E quão vazio é o espaço além deles.
Números infinitos
que não se cansam de proliferar
têm pressa de se esgotarem.
Coitados!
Não sabem que é impossível acabar.
O homem não permitiria tal movimento
seria contra sua ambição.
Ele inventaria outros tantos infinitos.
Teria sua própria solução.

Mariana Bizinotto - 18/04/2009

Consciência

Arrependimento
são lembranças ruins
que pensamos
ter tido a oportunidade
de evitar,
e no entanto,
arriscamos.
Foi necessário
por um lado,
aprendemos,
amadurecemos.
Não deixa de ser
um arrependimento,
uma cobrança de nossa consciência,
mas é também uma lição.
Então aprendamos com ela
e acertemos na próxima encruzilhada.

Mariana Bizinotto - 18/04/2009

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Destino, se trilha?

Passos incertos.
Apesar do chão firme de cimento,
pés que se sentem sobre a areia.
Ondulante,
impaciente,
suave
e agressiva.
Numa tentativa de controlá-la,
se é controlado.
Angústia do ser impaciente
que procura trilhar seu próprio caminho.
Vencer barreiras
lutar contra mares e marés,
esquecendo-se
que ainda está na areia.
E que lá os movimentos são diferentes.

Passos que tentam acompanhar os sonhos
em ritmo largo,
acelerado,
tentando chegar
onde nem se sabe querer ir.

Mariana Bizinotto - 01/04/2009

terça-feira, 14 de abril de 2009

Dores da alma

A dor física não é maior
que a espiritual.
A dor do dever não cumprido.
Da esperança de outrem fracassado.
E o peso da derrota.
Não há carga maior que a emocional.
Esta não cabe em um simples corpo,
por maior, mais alto
ou mais rígido que seja.
Impossível suportar
as dores da alma.

Mariana Bizinotto - 14/04/2009

Separação

Apesar do tempo que se passou
ainda ouço seus passos
pela casa vazia.
Ainda sinto seu perfume
em meu corpo.
Ainda vejo sua bagunça espalhada.
Ainda falo contigo,
mas a única resposta
é o duro som do eco,
que fica a martelar minha cabeça.
Sem que eu esqueça
o que construímos juntos,
um mundo só nosso.
E que agora
na divisão de bens,
não sabemos com quem ficou.

Mariana Bizinotto - 01/04/2009

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Face familiar

Uma face familiar
surge diante de mim.
Instantaneamente a memória
busca referências.
Elas não são imediatas
mas estão ali,
prestes a aparecer
ou a se ocultar para sempre.
São memórias antigas.
A face sofrera transformações,
porém há traços marcantes
que a definem como conhecida.
Algo mais me chama a atenção.
Uma ânsia de diálogo e conhecimento,
ou reconhecimento,
me fazem reprocurar a face
a qual suspeito não ter me visto.
Vultos me dizem que a face acabara de sumir.
O meu corpo acaba obedecendo
aos comandos de busca da mente.
Porém não é suficiente mais ver,
também é preciso ser visto.
Quando a mente se ocupara de outras atividades
e interrompera a busca;
os olhos a avistaram.
Ao aproximar-me
meus olhos encontraram os da outra face.
Foi um longo e breve olhar.
Longo o suficiente para dar esperança,
só não sei ao certo o que esperava.
E breve como um passar.
Tempo depois nossos olhos se avistaram,
num novo passar, mais longo,
tentaram se desviar,
mas nossos olhares voltaram a se encontrar.
Foi uma sensação de felicidade.
É como se nos conhecessemos a muito tempo.
Pensei ter me lembrado de onde,
mas suspeito que eram apenas
traços infantis semelhantes.
Mesmo assim,
a face madura
parecia já estar gravada em mim.
Seria a outra metade de minha alma?

Mariana Bizinotto - 14/03/2009

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Relógio

Contando o tempo
para te ver.
Mas o relógio parou.
Teima em não se mexer.
Quer carinho, atenção.
Também é prisioneiro de si próprio.

Mariana Bizinotto - 02/04/2009

Deslocamento no espaço-tempo

Deslocada.
É assim que me sinto.
Espaço e tempo em constante mutação.
A ponto de se confundirem.
É como andar por um lugar desconhecido
e ao mesmo tempo familiar.
Rostos conhecidos me perseguem.
Fantasmas que não cessam.
Teimam em surgir
em todo lugar.
Acontecimentos de possibilidades mínimas,
em meu inconsciente,
se fazem possível por instantes.
Porém o simulacro sempre é descoberto.
E a razão íntima do existir, julgada.
Os caminhos parecem o mesmo.
Lugares conhecidos.
Lugares nunca percorridos.
Lugares ao mesmo tempo.
Lugares num mesmo tempo.
Lugares & tempo.
Em dois lugares ao mesmo tempo.
Em nenhum lugar a todo tempo.
Em nenhum lugar a nenhum tempo.
Deslocada!
É assim que eu me sinto.

Mariana Bizinotto - 08/04/2009

terça-feira, 7 de abril de 2009

Delírios Solitários

Da varanda
o assobio do vento
é o único indício
de outra presença.
O vento rápido, ágil,
faz de mim frágil ser
em minha solidão.
Ele passa e nem percebe
que o observo.
As folhas secas do chão
vieram de longe,
e afirmam a ausência de vida
na região.
Alguns cacos de vidro
estão como meu coração,
jogados a esmo.
A porta range
afastando de mim
minhas únicas lembranças.
Estou só, nessa imensidão.
Serei eu a única presença de vida
ou será que também já morri?

Mariana Bizinotto - 31/03/2009

Nascimento do Primeiro Amor

Recoberta pela cortina
a carinha de menina
que espia pela janela.
O coração que leva no peito
já conhece o que é o amor
e bate acelerado
quando ele passa;
ou preocupado
quando ele não passa.
O corpo de mulher
se endireita ao vê-lo surgir.
faz pose, ao mesmo tempo
em que quer fugir
para que tudo permaneça em segredo.
Os pensamentos
são, ora maduros, de mulher,
ora ingênuos, de menina levada.
Ânsia de ser.
De poder ter o outro
junto de si.
Ânsia
que ora se desafia como desejo
ora se encobre como sonho.
E observa intacta ele passar.
Enquanto ela também passa,
despercebida.

Mariana Bizinotto - 31/03/2009

Corpo

O corpo se altera,
excita,
repele a si próprio.
Uma confluência de percepções e ações.
Apenas uma lei natural,
física: ação e reação.
Nada complexo,
se por trás dos conceitos
não houvessem definições.
Hipóteses certas ou incertas,
passageiras ou concretas.
Hipóteses.

Corpo que sofre.
Corpo agente.
Corpo,
mas não corpo somente.
Escuta, reflete,
se pensa, se reinventa.
Um processo criativo de si mesmo.

Se conhece,
se encanta,
se estranha,
se despreza,
se apaixona por si próprio.
Conhece a si, ao outro,
ao universo,
e descobre a ignorância.

Mariana Bizinotto - 07/04/2009

Reação do corpo

Após um momento de raiva
ou desespero,
o alívio!
Uma sensação da mente para o corpo.

É preciso se equilibrar.
O extremo oposto,
(prazer-felicidade) é alcançado.

Relaxado,
o corpo está novamente preparado
para enfrentar o mundo.

Mariana Bizinotto - 07/04/2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Crise existencial

Versos intempestivos.
Esféricos.
Redundantes.
Relutantes.
Não querem ser vistos.
Não podem ser lidos.
Mas precisam ser escritos.
Devem existir.
Páginas brancas
que falam muito.
Páginas cheias
que permanecem em silêncio.
Páginas sinceras.
Páginas belas.
Nada tem sentido,
sem a fragilidade
que há na luz de vela.
O mesmo vento que a apaga
é o oxigênio que a faz viver.

Mariana Bizinotto - 30/03/2009

Quem é a criança?

Chegamos numa época
em que mãe e filho
correm pela loja.
Não se sabe mais quem é a criança.
Menina mãe
que ainda nem foi totalmente criada
e já tem que criar outra pessoa.
O pai?
Um moleque,
ainda não é responsável
nem por seu próprio dever de casa.
O que será desse ser,
criado por crianças?
Alguém que não conhece a fase adulta?
Uma eterna criança?
Como enfrentará o mundo
e toda a crueldade que o espera?
Enquanto não se descobre a resposta
ou uma solução,
mãe e filho ainda correm
por entre as mercadorias da loja.
E os corredores exercem sua literal função.

Mariana Bizinotto - 05/04/2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Desde que você se foi

A cada suspiro,
uma lembrança sua.
A cada palavra sua que retorna
em meus pensamentos,
uma lágrima.
A cada sorriso seu que revivo
um aperto no peito.
Triste sensação.
Não foi uma simples perda.

Amor eterno.
“Até que a morte (n)os separe”.
Agora que se foi
Sinto-me como se estivesse morta.

Mariana Bizinotto – 30/03/2009

Fases

Nos olhos
uma menina
que aspira o posto de mulher.
Nas marcas e espinhas
uma adolescente
que só quer se divertir
e ser feliz.
Nas sobrancelhas contraídas
a frieza calculista
da mulher que pensa a longo prazo.
Nas rugas que já aparecem na testa
o peso das responsabilidades.
no coração sofrido
uma garota que ainda espera
o grande e eterno amor.

Mariana Bizinotto – 30/03/2009

Um centro fixo

Idas.
Vindas.
Voltas.
Inumeráveis voltas.
incansáveis retornos.
Em torno
tudo gira.
Uma confusão
em minha mente.
Inconveniente.
Busco o centro
meu ponto fixo.
Quando tudo parece em paz
Esbarro novamente em você.
E toda ordem não passa de uma utopia.

Mariana Bizinotto – 30/03/2009

Limite

No limite entre a razão e os sentidos!
Entre a sensação de dever e liberdade.
Um querer contra-vontade
Um sonho pela metade.
Cada batimento um verso.
Cada sonho, um universo.
E eis o ser em seu limite.
Um querer sem poder.
Um viver com morrer.
Uma mistura de medo e prazer.
Sabedoria e ignorância.
Monotonia e extravagância.
Solidão e aliança.
Fantástico e real.
Mas afinal,
nunca se sabe ser a vida,
um sonho ou um fato.

Mariana Bizinotto – 22/03/2008

O que a vida me fez ver

Suas palavras, feitiços.
Você não é nenhum príncipe.
A pobreza do menino no farol,
uma farsa.
Há sim quem precise,
mas acreditar nele foi um engano.
Promessas vãs de um candidato a enganador.
Sim, essas foram muitas.
Quanto me roubaram!
Não só em dinheiro, parte do meu salário,
tempo e confiança foi o que mais levaram.
E aquela palavra amiga
seguido de um sorriso inimigo pelas costas.
A vida me fez desconfiar.
Foi assim que
amizades foram feitas à peneira.
Amores descobertos de poeira.
Medos superados a vida inteira.
Dores de crescimento à minha maneira
Revelam a maturidade do meu ser.

Mariana Bizinotto – 28/02/2009