segunda-feira, 13 de abril de 2009

Face familiar

Uma face familiar
surge diante de mim.
Instantaneamente a memória
busca referências.
Elas não são imediatas
mas estão ali,
prestes a aparecer
ou a se ocultar para sempre.
São memórias antigas.
A face sofrera transformações,
porém há traços marcantes
que a definem como conhecida.
Algo mais me chama a atenção.
Uma ânsia de diálogo e conhecimento,
ou reconhecimento,
me fazem reprocurar a face
a qual suspeito não ter me visto.
Vultos me dizem que a face acabara de sumir.
O meu corpo acaba obedecendo
aos comandos de busca da mente.
Porém não é suficiente mais ver,
também é preciso ser visto.
Quando a mente se ocupara de outras atividades
e interrompera a busca;
os olhos a avistaram.
Ao aproximar-me
meus olhos encontraram os da outra face.
Foi um longo e breve olhar.
Longo o suficiente para dar esperança,
só não sei ao certo o que esperava.
E breve como um passar.
Tempo depois nossos olhos se avistaram,
num novo passar, mais longo,
tentaram se desviar,
mas nossos olhares voltaram a se encontrar.
Foi uma sensação de felicidade.
É como se nos conhecessemos a muito tempo.
Pensei ter me lembrado de onde,
mas suspeito que eram apenas
traços infantis semelhantes.
Mesmo assim,
a face madura
parecia já estar gravada em mim.
Seria a outra metade de minha alma?

Mariana Bizinotto - 14/03/2009

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