segunda-feira, 23 de março de 2009

Pessoas...

Pessoas são poeiras.
Se não ficarmos espertos,
o vento as leva.

Para
longe, distante ou sempre...

Ele também pode as trazer de volta,
mas tudo não passa de
uma hipotética incerteza.

~~~~~

Mariana Bizinotto - 23/03/2009

domingo, 22 de março de 2009

Último paradeiro

Quadras e quadras.
Blocos e esquinas,
sem muros.
Árvores, jardins e parques
se interpõem às harmônicas residências.
O agitado centro comercial
cede lugar ao turismo e ao poder.
Enquanto a economia
se faz em linhas retas, isoladas,
entre as tantas quadras.
Num lugar em que também
é disposta em linha,
escola e religião.
Sem muros ou cercas
os carros ao relento
não desaparecem.
As crianças correm entre árvores.
Um lugar aparentemente
perfeito...
Aparentemente.
Aparentemente?

Mariana Bizinotto – 22/03/2009

O Tempero...

Insinuação.
Mistério.
O tempero ideal.
Para que revelar tanto?
É preciso se conter.
Deixar um suspense no ar.
Um gostinho de quero mais.
O desejo de que seja duradouro.
E não chama passageira.
É preciso manter acesa a lareira.

Mariana Bizinotto – 08/03/2009

Vermelhos

Vermelho.
Este poema foi escrito a tinta vermelha.
Por vários motivos.
A última hora fora toda vermelha.
O pôr-do-sol
refletia carinhosamente
a luz vermelha,
do amor que tínhamos
do outro lado da porta.
Amor selvagem,
doce coragem
da ingenuidade;
mas sentíamos.
Vermelho
também foi o sangue
que as feridas
de tua partida
deixaram em mim.
E que não sei
se um dia
se cicatrizarão.
Bonito e feliz
foi o tempo,
que como o próprio
verbo diz,
se foi...
Agora,
outras pessoas nos mesmos corpos.
Nada é como antes.
A única coincidência
são as lembranças
que ambos temos.
Os raios do sol
já no horizonte
flamejam raivosamente,
querem descansar.
Imploramos mais alguns minutos.
O vermelho então se transfere
da luz, ao nosso amor.
Desejo,
Paixão.
Talvez sejam as definições certas
num momento
em que os corpos não se estranham,
mas as mentes não cessam
em tentar desvendar o outro
que há diante de si,
junto a si,
entre si,
ou longe de si.
Sim, se fora.
Não para nunca mais.
Como fora a tempo atrás.
Não se sabe para quando.
Nem até quando as feridas
ficarão abertas.
Pois para que se fechem
é necessário
que o vermelho da paixão se intensifique
e brilhe mais,
como o vermelho do amor.

Mariana Bizinotto – 08/03/2009

Envolto em pensamentos

Ando,
sim, ando!
Por caminhos ainda não findos.
Não sei o que faço
nem por onde vou.
Só sei que neste mundo não estou.
Envolto em meus pensamentos
conheço milhões de questões,
sem sequer me deparar com suas respostas.
E é a elas que busco
por este caminho conflituoso.
É preciso unir as pistas,
para descobrir a verdade.
Se é que ela existe.
Não deixo rastros,
pois não quero me perder
em meus próprios passos.
Não há trilha certa,
nada é definido ou definitivo.
Estou sempre passando, e repassando talvez,
por lugares curiosos.
A lógica começa a perder o sentido
à procura de si mesma.
Mas as sinapses não param.
Pelo contrário,
aumentam a sensação do desconhecido
que está por vir.
E veio.
Também já se foi,
levando consigo mais incógnitas.
Viagem longa,
caminhei por diversas dimensões,
fiz milhões de amigos,
descobri outras diversões.
Retorno
e percebo aqui
o mesmo mundo,
sem alterações.
O tempo não passou,
aqui ainda estou,
na mesma rua.
O passeio,
creio,
durou segundos.
Breves segundos!
Infindáveis segundos.
Célebres.
Fecundos.
Fúnebres.
Intempéricos.
Porém breves,
e ao mesmo tempo
longos em sua essência.
Mas segundos...

Mariana Bizinotto – 05/03/2009

sexta-feira, 13 de março de 2009

Poesia: ocupação ou (a própria) vida?

Uma efervescência de sentidos.
Tudo me impele a escrever.
Versos fracos, graves, agudos.
Versos mudos.
Inspiração
é algo divino, mágico,
SUBLIME..., transcendental.
Vida, amores,
felicidade e sofrimento.
Fantasia, realidade...
sem escapar nem um só momento.

Mas ao calar do coração
tudo se esvai.

Mariana Bizinotto – 17/02/2009

domingo, 8 de março de 2009

Respirando novos ares...

Respirando novos ares...
Cada vez ares mais novos...
É época de ventos e brisas...
De se conhecer e também de se acertar.
É nesse ponto que surgem as confusões.
Indecisões fazem com que o instante nos guie.
Mas acima de tudo procuramos a nós mesmos.
Reinventamo-nos.
Estamos sempre crescendo e descobrindo,
essa é uma fase permanente,
não aparece só na criança.
Ou talvez seja necessária, pela criança
que ainda resta em cada um.
Superação.
Marcas.
Degraus.
Fotografias.
Amizades.
Saudades.
Poesias.
Lembranças
E cartas vazias.
Uma época escrita no coração.
Apesar de qualquer estabilidade ou solidez
estamos sempre a procurar novos ares...
Como a água, ora se resumi em vapor,
ora corre sobre a terra, ou se esconde abaixo dela.
ora se fecha em blocos ou flocos de gelo.
E como a água, nós também não somos constantes.
Coincidência ou não,
nosso corpo formado essencialmente por água
procura o equilíbrio e a harmonia
e se refaz em momentos inusitados.
Sempre à procura de novos ares...

Mariana Bizinotto – 03/03/2009

quinta-feira, 5 de março de 2009

Você aqui!?

Tudo era como sonho.
O amor se prometia eterno.
Um casal próspero.
Carícia no outono...
Calor no inverno...
Amor: em todas as estações.
Ventos mudaram de direção,
levaram-me em outro sentido.
Outra cidade;
outro ambiente.
As aves daqui não cantam
como as de lá.
As pessoas não dizem as mesmas gírias.
A comida, nem se parece...
Novos ares.
Outra fase da vida.
Saudades da primavera...
Outra rotina a estabelecer.
Semanas se passam,
não consigo me acostumar.
Ainda penso em você.
Desempacoto as lembranças
e as guardo em outra caixinha.
Memórias nossas.
Antes ter só as minhas.
A saudade me dói;
por outro lado,
os flashbacks me recompõem.
Momentos bonitos
que passamos juntos.
Poderia ficar horas aqui
olhando cada centímetro de fotografia...
o que não fiz
nem no próprio dia em que foram tiradas.
Se não fosse a porta,
aliás, a estrondosa campainha,
que me trouxe de volta à solidão.
Penso em não atender.
porém meus membros executam a ação contrária.
E abrem.
...
-Você aqui!?

Da fotografia ao corredor.
À minha frente,
não sei se ainda meu amor,
mas certamente,
meu amado.
Não sei o assunto que o trouxe aqui.
Sei apenas que fiquei parada ali.

Mariana Bizinotto – 17/02/2009

Flor da paixão

A flor
é como o amor
ou como a paixão
que brota
no coração.
Nasce.
Cresce.
E morre.

Mariana Bizinotto – 17/02/2009

quarta-feira, 4 de março de 2009

Música

Um dia ainda quis
resumir em uma música
o que todas as músicas dizem.
O tempo é apenas, uma lembrança;
a vida, uma criança...
Mas descobri que cada uma
foi feita para um momento especial,
e fora desse contexto
não teriam sentido igual.
Cada passo, uma nota;
Cada curva, um novo ritmo;
Cada amor, um novo tema;
Cada dia, um novo intérprete;
Cada som, um delírio;
Cada tom, uma força.
Cada música, uma sensibilidade,
um jeito de o mesmo sentir.

Mariana Bizinotto – 17/02/2009

terça-feira, 3 de março de 2009

As juras de amor eterno

Quantas cartas de amor
já não foram escritas,
rabiscadas, pensadas...
Quantas declarações
já não foram ditas,
sussurradas, gritadas,
declamadas...
Quantas juras de amor eterno
já não foram feitas
amedrontadas,
apressadas...
Quantas...?
Quantas foram também
as cartas rasgadas,
amassadas...
As declarações
arrependidas,
mudas...
As juras
esquecidas,
dissimuladas...

Mariana Bizinotto – 02/2009

Travessura

Os óculos anunciavam a idade,
O celular moderno a negavam.
Uma memória lhe fazia extremamente feliz.
Recordação de um sentimento interrompido
O bloquinho de papel a sua frente
Chamava-o para mais perto.
No entanto era necessária uma caneta.
Era preciso esperar que a secretária
Entrasse no consultório médico.
Mas uma página!
Ela não se importaria em ceder uma página...
Criaria coragem de pedir-lhe.
Dirigia-se a mesa dela
Quando o telefone tocou.
Ele havia de aguardar.
As palavras já se remexiam em sua mente.
Queriam sair.
Aguardem!
Mas não! Quando decidem, querem e pronto!
Talvez não fosse a hora...
Mas o coração dizia que era
E as expulsava da mente.
Ah, dor de poeta!
Adormecido
Nem se dava mais ao trabalho
De carregar seus instrumentos...
Agora os tinha urgência.
O telefone se acomodava ao gancho
E a porta do consultório se abria.
A moça ocupara-se outra vez.
As palavras pareciam querem ir junto com ela.
O jeito era tirar-lhe uma página a força.
A caneta também estava lá!
Mas não havia consentimento!
Por que não um telefonema?
Não!
Era preciso reviver a memória por completo!
Papel e caneta em mãos
As palavras foram fluindo,
Se atropelando...
Nada legíveis ou compreensíveis,
Mas lá estavam os versos.
Era preciso uma tradução do próprio autor.
Uma nova página.
Feito isto.
Um avião de papel
Tocara os pés da ilustríssima dama
Que entrava...
Ela assustou-se.
Irritou-se até,
Com aquela brincadeira de criança
Em lugar e hora indevidos.
Porém não havia crianças no recinto.
Mais adiante havia um senhor
E dentro dele a criança
Que sempre lhe mandava
Bilhetinhos em aviões de papel.

Mariana Bizinotto – 05/02/2009